“É a maior recessão na história do país”, alerta professor Pedro Fonseca na 15ª Plenária Estadual da CUT
Dirigentes do Sindicato participaram da atividade
“É a maior recessão da história do país com 14 milhões de desempregados e com o PIB mais baixo dos últimos anos”, alertou o professor da UFRGS, Pedro Fonseca, ao falar na primeira mesa “A Classe Trabalhadora em um Contexto de Golpe e de Ataque aos Direitos”, na 15ª Plenária Estadual/Congresso Extraordinário da CUT-RS, realizada no início da noite desta sexta-feira (14) no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Para o professor, os governos Lula e Dilma tinham um projeto de distribuição de renda, mas não de desenvolvimento. Fonseca apresentou e comparou os índices de desindustrialização do Brasil com outros países. “Em qualquer parâmetro, o nosso cenário é horrível e fica claro que não temos um programa de desenvolvimento industrial”, disse.
“Inúmeros países tiram os investimentos públicos do cálculo do déficit primário. No Brasil tiraram os juros e isso é uma aberração. Precisamos discutir por que o capital financeiro fica fora do déficit”, apontou.
Segundo ele, “é óbvio que, se o PIB cai, se a renda cai, o governo não arrecada. Mas a solução para superar isso está nos investimentos públicos”, explicou. É preciso atualizar o conceito, pegar o que aprendemos e avançar. Baixar juros, taxar impostos e alterar as alíquotas do imposto de renda foram apontadas pelo professor como oportunidades para mudanças.
“É possível um projeto autônomo de desenvolvimento? Globalização e financeirização são entraves a um projeto de desenvolvimento?”, provocou ao citar o plano Brasil Nação, liderado pelo economista Bresser Pereira, como uma alternativa de projeto.
Fonseca ressaltou que “estamos perdendo uma das poucas coisas que tivemos”: o crescimento com o distribuição de renda. “A atual política já está demonstrando o que significa, pois estamos numa reversão e podemos voltar muito atrás do pouco que conseguimos”, concluiu.
Olhar o movimento sindical
A secretária nacional de Formação da CUT, Rosane Bertotti, contou como se deu a construção do congresso extraordinário. “Estamos num momento único da nossa história. Talvez, o momento mais difícil”, afirmou.
“Enfrentamos inúmeras dificuldades. Nossas bases não queriam ir para as ruas contra o golpe, pois não se sentiam representadas”, declarou ao falar da necessidade do movimento sindical se reinventar.
“Se eles estão fragilizados, como conseguem aprovar tudo que querem?”, questionou ao enfatizar a importância da nossa organização. “Não são ataques apenas à estrutura dos trabalhadores. Há outros ataques, às mulheres, aos jovens e aos lutadores sociais”, enumerou. Para Rosane, isso se deu “pois não construímos bases sociais”.
O povo fica indignado por saber que Temer gasta milhões para comprar seus deputados, mas não se indigna quando ele afirma que não tem dinheiro para investir. “Precisamos voltar a colocar os pobres dentro do orçamento, mas isso não se faz sem um projeto de desenvolvimento”.
Rosane ponderou que, ao olhar para todo este cenário, podem pensar que está difícil ser da CUT, “mas é a nossa luta q vai evitar ao avanços nestes ataques e retrocessos”, disse ela ao enfatizar a importância de olhar para a organização sindical e atuar em vários campos, de locais de trabalho às frentes, Brasil Popular e Povo Sem Medo, que são espaços nacionais.
A dirigente da CUT afirmou que no dia 20 todo o Brasil irá às ruas em defesa da democracia e do Lula. “Eles ganharam a batalha, mas não a guerra. A CUT tem sindicatos fortes em cada canto deste país e que constroem esta bela organização que é a CUT”, concluiu.
Fonte: CUT-RS