BB proíbe clientes de utilizar serviços das 13 mil lotéricas do país
A decisão do Banco do Brasil de proibir seus clientes de utilizar os serviços das casas lotéricas e o autoatendimento da Caixa Econômica Federal vai prejudicar milhares de brasileiros que vivem nas cidades mais distantes do país, com pouco ou acesso precário à internet, os mais mais velhos, aposentados e pensionistas, que têm dificuldade de usar aplicativos de celulares e quem vive em cidades onde não tem sequer uma agência bancária.
No total, 70 milhões de clientes do Banco do Brasil estão impedidos a partir desta quarta-feira (18) de realizar saques, depósitos, transferências, pagar boletos, inclusive do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e pedir extratos ou qualquer outro serviço oferecido nas 13 mil casas lotéricas espalhadas pelo país.
Os correntistas do banco também não poderão mais utilizar os caixas de autoatendimento da Caixa Econômica Federal. Os clientes da CEF também estão impedidos de utilizar o autoatendimento do BB.
A direção do Banco do Brasil alega tomou esta decisão porque a Caixa queria reajustar os preços dos serviços das lotéricas pegos pelo BB, cujo valor não foi divulgado.
Para o secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), filiada à CUT, Gustavo Tabatinga Júnior, o que há por detrás disso é algo muito maior e prejudicial, tanto aos clientes dos dois bancos como para os trabalhadores e trabalhadoras dessas instituições.
A decisão do BB, afirma o dirigente, nada mais é do que uma forma de incentivar o uso do PIX- novo tipo de transferência entre contas que passou a vigorar na última segunda-feira (16), para acabar com o atendimento presencial nos bancos, e com isso provocar demissões de trabalhadores.
“As datas de funcionamento do PIX e o fim do contrato para o uso das lotéricas não são meras coincidências. O PIX começou a funcionar na segunda e hoje [quarta] acaba o convênio com a CEF. O que temos visto é o Banco do Brasil incentivar o uso do PIX em detrimento do atendimento presencial”, diz Gustavo.
De acordo com ele, a ideia das instituições é acabar com a circulação de notas, de dinheiro vivo, enquanto os trabalhadores são trocados por máquinas e métodos digitais.
O dirigente da Contraf denuncia que, além do BB, outros bancos já começam a demitir como foi o caso do Bradesco, que dispensou dois mil trabalhadores em plena pandemia, e a situação pode piorar caso o Banco do Brasil acabe com o convênio junto aos Correios, como já vem sendo cogitado pela direção.
Para Gustavo, os banqueiros não estão preocupados com seus correntistas que vivem nas periferias das grandes cidades e dos rincões distantes do país, com acesso precário à internet, ou com os mais velhos, aposentados e pensionistas que não dominam o uso de aplicativos de celulares, como é o caso do PIX e outros serviços on-line e, que usam as casas lotéricas para pagar contas e sacar dinheiro.
“Banco tem cofre, não tem coração. Um banco não vê pessoas, vê números, enquanto o movimento sindical vê gente. Por isso estamos preocupados porque há um desinteresse em fornecer atendimento humano a essa parcela da população que não sabe ou não consegue acessar os canais digitais”, critica Gustavo.
“Todo este conjunto de mudanças que estão sendo realizadas pelo Banco do Brasil faz parte de mais um ataque aos bancos públicos, de redução de custos, e os maiores prejudicados são os trabalhadores e a população que necessita de seus serviços”, conclui o secretário-geral da Contraf- CUT.
Fonte: CUT Nacional