CNM/CUT anuncia processo de mudança no nome da Confederação para incluir as metalúrgicas
Paulo Cayres, o Paulão, disse que a Confederação Nacional das Metalúrgicas e Metalúrgicos da CUT
está a caminho e que os sindicatos têm sim papel importante na luta contra desigualdade
A inclusão da palavra Metalúrgicas no nome da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) será feita depois que for debatido por toda direção da entidade e aprovado na Plenária Estatutária da entidade, mas a largada para o processo de mudança está sendo dada aqui nesta plenária.
Esta foi a afirmação do presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, o Paulão, que foi convidado para conversar a direção feminina da Confederação, que esteve reunida na manhã do sábado (27) na Plenária Nacional das Mulheres “O tempo das mulheres não cabe no relógio do capital”. A atividade teve como objetivo debater a situação da mulher trabalhadora e ações que as sindicalistas possam impactar positivamente na luta contra a desigualdade e o machismo, na vida e no mundo do trabalho.
“A CNM/CUT sabe que a luta hoje não é só pensar na indústria, a gente precisa discutir o combate ao racismo, ao machismo e a homofobia. E estamos falando isso todo os dias para nossos dirigentes. É preciso ações concretas para desconstruir estas narrativas religiosas e conservadoras. Sinto orgulho do trabalho desta confederação, que mesmo na pandemia não fugiu da luta e em pleno sábado está aqui discutindo como enfrentar esta realidade desigual”, afirmou Paulão.
Ele disse que a mudança do nome da entidade é apenas uma das ações que a entidade vai executar para incluir mais as pautas das mulheres nas negociações coletivas e ampliar a participação delas no movimento sindical para que juntos e juntas consigam construir um mundo melhor e justo para todos e todas.
“Precisamos demonstrar isso todos os dias com consciência de classe, visão e formação a defesa intransigente dos negros, das mulheres, da juventude e de toda classe trabalhadora. Temos que agir com mais velocidade porque a vida tem pressa”, finalizou Paulão.
Marli Mello |
Para a secretária da Mulher da CNM/CUT, “a alteração no nome da Confederação será um fato de grande importância para as mulheres e para a classe trabalhadora como um todo. É o reconhecimento de que a sociedade tem dois sexos e que de fato a política de gênero não é teoria na nossa entidade, é prática, e quando isso acontecer será um momento histórico para nós mulheres metalúrgicas”.
O Secretário-Geral da CNM/CUT, Loricardo Oliveira disse é fundamental lutarmos por políticas afirmativas porque nós estamos vivendo dois flagelos a pandemia, com mortes e milhões de infectados. E, Bolsonaro com uma política de morte e retrocesso.
“O governo vive na década de 60, com a disputa de igrejas contra o comunismo. E as mulheres, os negros e mais pobres estão sendo excluídos em nome de uma agenda, que o governo intitula como econômica. Temos que ter uma agenda inegociável com nossas proposições de inclusão social, e ter políticas afirmativas que cativem as mulheres nos locais de trabalho, para democratizar mais nossos espaços de atuação”, afirmou.
Crédito: Divulgação |
Loricardo na Plenária de Mulheres |
Papel do sindicato no combate ao racismo
Paulão contou que as vezes por uma condução religiosa ou mesmo imposta pelo capitalismo, o machismo passa despercebido pelo homem, e até mesmo pela mulher, por uma vida todinha. E isso não muda quando a pessoa é inserida no mundo do trabalho, a cultura patriarcal é reproduzida.
Para ele, a transformação só acontece, e se acontece, quando os trabalhadores e as trabalhadoras se conscientizam e, juntos com companheiros e companheiras do movimento sindical, tentam mudar a lógica e constroem juntos ferramentas para enfrentar a desigualdade, o preconceito e as condições precárias de trabalho.
“Nós vamos mudar o nome da entidade para Confederação Nacional das Metalúrgicas e dos Metalúrgicos da CUT porque entendemos que elas são parte do movimento sindical e importante para descontruirmos este sistema machista, homofóbico e racista. Quando a gente entra na fábrica a gente vai carregado de características que perpetuam a desigualdade e quando a gente vem para o movimento sindical, para derrotar o capitalismo, a gente vê que só será possível se rompermos esta lógica primeiro. E esta simbologia de mudar o nome é para mostrar que as falas precisam ser acompanhadas de ações e que estas mudanças vieram para ficar”, afirmou.
Fonte: CNM/CUT