Mulheres e pessoas trans desocupam centro de saúde abandonado em Novo Hamburgo
Mulheres e pessoas trans desocuparam na tarde desta terça-feira (8), Dia Internacional das Mulheres, o prédio do antigo centro de pronto atendimento de saúde de Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre. A ocupação havia ocorrido na madrugada de segunda-feira (7).
Fechado há cerca de 5 anos, o prédio fica na Rua Joaquim Nabuco e está em estado deplorável de abandono pelo poder público municipal, enquanto a população sofre com as demandas de saúde e a falta de outros acessos básicos que só se agravaram com a pandemia.
Ao meio-dia, foi realizado um ato de apoio e solidariedade à ocupação, que chamou a atenção da sociedade e das autoridades para a deterioração do patrimônio da cidade, enfrentou e barrou a repressão da guarda municipal e denunciou a carência de políticas públicas para as mulheres e as pessoas trans pela administração da prefeita Fátima Daudt (PSDB). A manifestação contou com a participação do secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo.
“A ocupação tirou o 8 de Março da clandestinidade e marcou a cidade. E, ao mesmo tempo em que desmascarou o descaso com as políticas públicas, colocou a pauta da inclusão social e a necessidade de mudar esses governos, que estão aí em todos os níveis, fazendo gestões simplesmente para tirar o couro dos trabalhadores e das trabalhadoras”, disse Nespolo.
Ele “parabeniza a quem se mobilizou e seguramente o movimento ficará na história de que é possível, sim, de forma unitária, abrir caminhos para resolver a grave situação da classe trabalhadora”.
A desocupação aconteceu após o final do ato.
Leia a íntegra do comunicado das ocupantes
Comunicamos que a Okupação Maria da Vila Matilde (NH) tinha como objetivo, desde o início, três dias de ação para visibilizar as pautas que se materializaram em três reivindicações: serviço de acolhimento para mulheres e pessoas trans vítimas de violência, dentro da política de assistência social; serviço de saúde especializado em atendimento para mulheres; e ambulatório trans público.
A ideia inicial era encerrar a ação no dia oito de março e, assim, concluímos hoje.
Essa ação encerra aqui e não autorizamos nenhuma pessoa pública ou individual a falar por nós a partir de agora.
Nos sentimos vitorioses com o alcance e adesão pelas pessoas apoiadoras, com a visibilidade da possibilidade de okupar, da possibilidade de ações radicais para reivindicações, contrapondo o descaso de incontáveis imóveis abandonados pelo poder público e privado. O Estado que incrimina ocupações e violenta ocupantes, é o mesmo estado que não move políticas públicas suficientes para a pobreza, fome, pessoas em situação de rua e outras diversas vulnerabilidades sociais.
Mesmo com a desocupação, nos manteremos insistentes e atentes para a execução prática das nossas demandas, ainda que isso exija futuras ações diretas.
Colocamos fé que a revolução comece pelas mãos da comunidade e que a chama siga acesa. E agradecemos imensamente todo o carinho, vigília, doações e divulgação da comunidade durante os três dias de ocupação.
#okupatudo
Fonte: CUT-RS
Foto: REPRODUÇÃO