O que é a Indústria 4.0 e o que muda com a transformação. Entenda:

Primeira matéria da série de reportagens que a CNM/CUT vai fazer sobre o tema. Na próxima semana, o foco será o impacto da Indústria 4.0 sobre os trabalhadores

 

Nos últimos anos, os trabalhadores na indústria brasileira se depararam com uma série de mudanças no chão de fábrica. Surgiram máquinas que conversam digitalmente com outras máquinas, que interagem também com outras linhas de montagem e até com outras fábricas. Processos complexos, que antes eram realizados ou iniciados pelas mãos dos trabalhadores, agora são feitos por computadores e robôs, de forma automatizada, sem a presença humana.

Essa é a chamada Indústria 4.0. O termo surgiu no início dos anos 2010 na Alemanha, e refere-se ao processo de aumento da presença da tecnologia na fabricação de produtos, usando ferramentas como a inteligência artificial, robótica, internet das coisas, computação em nuvem, big data, entre outras ferramentas digitais.

“A indústria 4.0 é uma nova revolução industrial. A realidade da robótica, de operar uma máquina remotamente, já é algo que está presente nas indústrias, mas você ter uma inteligência que possa operar a produção com o mínimo possível de participação e interação humana, em um país como o Brasil,  poderá aumentar as desigualdades imensas, o desemprego e a fragilidade de contratos de trabalho”, alerta Tiago Almeida do Nascimento, vice-presidente da CNM/CUT.

Avanço histórico

Historicamente, a Primeira Revolução Industrial surge na Inglaterra, com a aparição das máquinas a vapor, da energia hidráulica, e vai de 1760 até meados de 1850. A Segunda Revolução Industrial é a era da eletricidade, da produção em massa e da linha de montagem, e refere-se ao período entre 1850 e meados de 1945. A Terceira Revolução Industrial é o período da computação e da automação, e vai de 1950 até meados de 1970.

“O que vivemos agora seria a junção das três primeiras revoluções industriais, aperfeiçoando o que cada uma trouxe, somando isso com a digitalização e a inteligência artificial, para que a máquina possa fazer todas suas operações de produção sem a intervenção humana”, explica Wellington Messias Damasceno, diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Ainda que o termo Indústria 4.0 se refira ao setor industrial, o conjunto de novas tecnologias de trabalho também mudou profundamente o setor de serviços, comércio e agricultura. Grandes potências nacionais como Estados Unidos e China, além de grandes corporações, disputam espaço na batalha para ver quem detém mais conhecimento tecnológico e lidera as transformações que surgiram com esse processo.

“A globalização econômica faz com que a indústria 4.0 chegue ao Brasil, já que conceitos, dinâmicas e modelos de trabalhos que vêm lá de fora são frequentemente absorvidos por aqui, e além disso, possuímos muitas empresas transnacionais de origem alemã, lugar de onde nasceu o termo indústria 4.0”, ilustra Damasceno.

Impactos e problemas

Toda nova revolução industrial buscou aumentar a produção e diminuir custos para as empresas, o que acaba atingindo a classe trabalhadora de forma severa. Os empregos diminuem, a exigência de qualificação aumenta, e a desigualdade social também cresce. Outro aspecto importante é o impacto nos países que estão na periferia do capitalismo global, que é o caso do Brasil. O atraso social e tecnológico é ainda maior.

“O Brasil, por ser um país de industrialização tardia e, pior, passar por um processo de desindustrialização nos últimos anos, pode ficar de fora destas mudanças”, afirma Damasceno. “Corremos o risco de sobreviver no Brasil com uma indústria suja, poluente, de baixa tecnologia e baixo valor agregado, que paga mal, mutila muito os trabalhadores, e não está alinhada tecnologicamente com o mundo”. alerta.

País não está preparado

O vice-presidente da CNM/CUT considera que o parque industrial brasileiro não está preparado para as inovações tecnológicas da Indústria 4.0 e que há problemas estruturais graves a serem resolvidos. “Nosso país possui uma precariedade na distribuição de internet de qualidade, por exemplo. Até mesmo a sem qualidade é frágil. Várias áreas do país não possuem internet sequer para melhorar o ensino, quiçá para abarcar os parques industriais”, pontua.

Próxima matéria da série:

E como fica o trabalhador no meio dessa nova revolução industrial? Esse será o tema da próxima reportagem especial sobre a Indústria 4.0.

 

Fonte: CNM/CUT

Foto: Pixabay

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