Alckmin visita área das enchentes no RS e anuncia liberação de R$ 741 milhões
O presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou neste domingo (10) que o governo federal está liberando R$ 741 milhões para enfrentar os estragos causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, após a passagem no início da última semana do quatro ciclone extratropical desde junho no Estado.
O anúncio foi feito, no auditório da Universidade do Vale do Taquari (Univates), em Lajeado, no Vale do Taquari, onde se reuniu com o governador Eduardo Leite (PSDB), prefeitos, deputados, empresários e dirigentes de centrais sindicais, como o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
Segundo o balanço divulgado na manhã deste domingo pela Defesa Civil estadual, subiu para 43 o número de mortes no Estado. Há ainda 46 desaparecidos e cerca de 15,5 mil pessoas entre desalojados e desabrigados. No total, 88 municípios gaúchos foram afetados envolvendo 150.341 pessoas.
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Salvar vidas
Alckmin liderou uma comitiva de 17 autoridades federais, entre elas oito ministros (Meio Ambiente, Defesa, Saúde, Desenvolvimento Social, Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Comunicação Social, Previdência, Cidades e Integração e Desenvolvimento Regional). O governador também acompanhou a visita.
“Como tem gente boa no Rio Grande do Sul”, destacou o presidente em exercício ao citar o grande número de voluntários que presenciou atuando na região e as campanhas de solidariedade que arrecadam auxílio para as famílias desabrigadas. Pouco antes, ele pediu um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.
“Temos três prioridades: salvar vidas, reconstruir as cidades e recuperar a economia”, salientou o presidente em exercício.
Principais medidas anunciadas
O pacote inclui R$ 26 milhões para o Ministério da Defesa, para o uso de helicópteros e demais maquinários na região nas buscas e reconstrução. Outros R$ 80 milhões para Ministério da Saúde, que montou um hospital de campanha em Roca Sales (RS) e reconstrução de unidades de saúde destruídas, além da atuação das equipes da Força Nacional de Saúde na região.
O Ministério dos Transportes terá R$ 116 milhões para reconstruir um trecho da BR 116, no km 96, na região do Rio das Antas. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social e Ministério do Desenvolvimento Agrário aplicará R$ 125 milhões no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Por meio do Ministério das Cidades, R$ 195 milhões serão usados para a construção de moradias. Já o Ministério da Integração Nacional receberá R$ 185 milhões para ajuda humanitária e reconstrução de ruas, estradas, limpeza e pavimentação dos municípios. O Ministério da Previdência Social também receberá recursos, ainda sem detalhamento.
Além disso, segundo Alckmin, o governo irá liberar o saque do FGTS, no valor de até R$ 6.220, para as pessoas atingidas diretamente pelas chuvas – os recursos já estão incluídos no montante recebido pelos ministérios.
Será antecipado também os repasses do Bolsa Família para os afetados, que ocorrerá no próximo dia 18, e do Benefício de Prestação Continuada, no dia 25. As prefeituras ainda deverão receber R$ 800 por habitante atingido. Para os interessados, também será liberado o valor de um salário mínimo pelo BPC – o valor deverá ser pago em até 36 meses sem correção.
O governo federal adiou o pagamento de tributos federais.
A previsão é que o número de municípios com reconhecimento do estado de calamidade pública na região deverá aumentar de 79 para 88, a partir de decreto que será publicado na manhã desta segunda-feira (11).
Alckmin visita Roca Sales, Muçum e Lajeado
Alckmin chegou por volta das 9h na Base Aérea de Canoas. Ele seguiu de helicóptero com governador ao Vale do Taquari. A primeira parada foi em Roca Sales, segundo munícipio com maior número de mortes (10).
Ele foi ao hospital de campanha erguido com recursos da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e equipamentos do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Tem 20 profissionais atuando no atendimento às vítimas.
No local, há também estrutura para primeiros socorros e três leitos de estabilização para pacientes graves. O complexo abriga ainda ambulâncias e central de distribuição de medicamentos.
Em seguida, as autoridades caminharam pelas ruas do centro de Roca Sales por cerca de um quilômetro, vistoriando as áreas destruídas pela enchente. Ele recebeu também informações do prefeito Amilton Fontana sobre o desastre.
Depois, Alckmin seguiu para Muçum, entrando por um acesso secundário, indo direto à Avenida Nossa Senhora de Fátima, uma das zonas mais devastadas do município. Costeira ao Rio Taquari, a via perdeu quase todas as construções ribeirinhas.
Na chegada, o prefeito Mateus Trojan entregou uma pasta com demandas da população. De caneta em punho, Alckmin sublinhou os pedidos mais urgentes. Enquanto conversava com moradores, foi abordado pela professora municipal Sandra Lanzoni.
“A gente tá sendo bem assistido. Mas precisamos de crédito, sem burocracia. É a primeira vez que eu preciso do governo. A gente confia no senhor”, afirmou Sandra, que perdeu a casa e só conseguiu salvar os pais porque colocou o casal num automóvel que fugia da enchente.
Alckmin ficou menos de meia hora em cada município, mais ouviu do que falou e retornou para Lajeado.
Visita reforça ações do governo federal
A visita de Alckmin reforçou as ações do governo federal desde o início da tragédia. Na terça-feira (5), o presidente Lula (PT) telefonou para o governador.
Na quarta-feira (6), veio uma comitiva integrada pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e o Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Aparecido Wolff, que sobrevoou as áreas devastadas e concedeu entrevista coletiva à imprensa em Lajeado.
Com a viagem na quinta-feira (7) do presidente Lula para a reunião do G20, na Índia, Alckmin, falou à imprensa no final da tarde de sexta-feira (8), em Brasília, anunciando a liberação de até R$ 800 por cada pessoa desabrigada nos municípios atingidos.
“De parte do presidente Lula e do presidente Alckmin, houve absoluta prioridade. Desconheço qualquer pleito que não tenha tido resposta imediata do governo federal”, garantiu o ministro Paulo Pimenta ao listar as ações do governo federal.
Campanha de solidariedade
A exemplo de várias instituições, a CUT-RS lançou na quarta-feira (6) uma campanha emergencial de solidariedade para coletar doações e ajudar as vítimas das enchentes no Estado.
Os donativos podem ser encaminhados aos sindicatos filiados ou para a sede da CUT-RS (Rua Barros Cassal, 283 – fone: 51-3224.2484, em Porto Alegre). Também é possível enviar PIX através da chave 51996410961.
Fonte: CUT-RS com informações da Agência Brasil e GZH
Foto: MATHEUS PICCINI (CUT-RS)