Mudança da sede para São Paulo reflete alterações de gestão da Gerdau

A mudança da sede da Gerdau para São Paulo ocorre no momento em que a empresa busca se aproximar ainda mais do centro financeiro do país e coloca em prática programa de desinvestimentos, com venda de operações no Exterior. Apesar de a multinacional garantir que segue com unidades produtivas de aço no Estado, em Charqueadas e Sapucaia do Sul, a transferência pode causar impactos em Porto Alegre.

 

O anúncio da mudança à capital paulista ocorre menos de um mês após a confirmação da saída da família Gerdau Johannpeter do comando do grupo. A partir de janeiro, Gustavo Werneck assumirá como presidente-executivo.

 

Ao anunciar a troca, no último dia 24, André Gerdau Johannpeter – à frente da empresa há 11 anos – disse que a substituição permitirá à família "colocar foco em questões mais estratégicas e não no dia a dia da operação". No projeto de desinvestimentos, a siderúrgica também confirmou, na última quarta-feira, a venda de suas operações no Chile. Em março, havia negociado 50% da Diaco, na Colômbia.

 

Perda da sede da Gerdau é mais do que simbólica para o RS

Com 116 anos, a Gerdau espalhou unidades por América, Ásia e Europa em decisões que passaram pela sede instalada na Avenida Farrapos. Mesmo com a alteração, o presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Gilberto Ribeiro, avalia que a empresa não irá diminuir a atenção ao Rio Grande do Sul.

 

– Decisões assim são normais em companhias de grande porte. Não acreditamos que, no futuro, a Gerdau deixará de operar as duas plantas no Estado. São caríssimas e estão produzindo bem – pontua.

 

A transferência de parte das atividades corporativas para São Paulo foi confirmada na sexta-feira. O restante dessas operações passará aos escritórios da usina em Sapucaia do Sul. Além das duas unidades produtivas, a Gerdau mantém pontos comerciais em oito cidades do Rio Grande do Sul.

 

– A Gerdau usa muita gente daqui no setor de administração. Nesse aspecto, o Estado fica um pouco empobrecido. As universidades perdem uma parceira onde colocavam profissionais formados. O bom é que a parte industrial permanece – pondera Guilherme Scozziero Neto, vice-presidente do Sinmetal, do setor metalúrgico.

 

Comércio da Capital prevê perdas em 2018

Conforme a Secretaria da Fazenda, a mudança da sede da Gerdau não causa impacto na arrecadação de ICMS no Estado, já que as unidades produtivas seguem ativas. No sentido inverso, entidades do comércio projetam que a ida de profissionais da área corporativa para São Paulo, a partir de janeiro, deve respingar no setor em Porto Alegre. Hoje, há cerca de cem empregados no segmento administrativo da Gerdau na Capital.

 

– Esses executivos fazem compras na cidade. A mudança deve provocar alguma perda no comércio daqui – resume o presidente do Sindilojas da Capital, Paulo Kruse.

 

Ações da companhia são negociadas nas bolsas de valores de São Paulo, Nova York e Madri. Embora a capital paulista seja o centro financeiro nacional, esse aspecto não teria sido preponderante para a mudança, analisa Wagner Salaverry, sócio-diretor da Quantitas:

 

– A transferência é irrelevante ao mercado de capitais. Até facilita reuniões com investidores, mas não é a principal forma de comunicação entre empresas e mercado.

 

 

Fonte: Zero Hora

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