Trabalhadores do Imesf aprovam greve na saúde de Porto Alegre a partir do dia 9

Pompeia (3)

Os trabalhadores alegam que a medida foi a alternativa que restou após o governo municipal se recusar a negociar a situação dos 1,8 mil profissionais que deverão ser demitidos pela Prefeitura.

“Tudo o que o Executivo pediu aos trabalhadores, que estão profundamente indignados, foi feito, mesmo após o prefeito dizer que os servidores tratavam os usuários como gado. Bem, acabou a paciência deles. Marchezan vai continuar sendo irresponsável? Mesmo ele podendo, em uma assinatura, evitar o caos na saúde?”, afirmou o novo presidente do Sindisaude-RS, Júlio Jesien.

O enfermeiro Estêvão Finger e representante da comissão de trabalhadores do Imesf responsabilizou a recusa do prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) em negociar pela falta de diálogo. “Infelizmente, a greve é o último recurso a ser dotado. Geralmente, se adota quando não se consegue diálogo, o que é o caso da Prefeitura de Porto Alegre. O prefeito Marchezan, de modo bastante determinado, não aceita conversar com os sindicatos, principalmente para reavaliar a questão das demissões.”

“O nosso objetivo maior é a manutenção dos empregos e também a luta pela saúde pública. Então, a comunidade tem que estar bem consciente de que a greve sempre é o último recurso”, diz Finger, que salienta que ainda há possibilidade da greve ser evitada se a Prefeitura iniciar um processo de diálogo com as categorias.

“Veja a irresponsabilidade do prefeito em não querer conversar. No dia 9, começa a campanha de vacinação, que é uma ação super importante do município e, infelizmente, o prefeito nos força a adotar essa medida mais dura pela falta de diálogo”, disse.

Os trabalhadores do Sindisaúde, do Sindicato dos Enfermeiros do Estado do RS (Sergs), Sindicato dos Odontologistas do Estado do Rio Grande do Sul (Soergs) e do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde (Sindacs) também aprovaram participação unificada no ato da Educação nesta quinta-feira (3), às 18h, na Esquina Democrática, e uma paralisação de duas horas no dia 7, a partir das 8h.

As categorias prometem mantem um percentual mínimo de trabalhadores atuando nos postos de saúde para não deixar a população totalmente desassistida. A expectativa é que 30% da categoria deve permanecer ativa, mas este percentual ainda será debatido nos próximos dias.

Não deixe o SUS acabar (2)

Posição da Prefeitura

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) criticou a decisão das categorias e disse não haver não haver motivos para greve, pois a Prefeitura estaria apenas cumprindo uma decisão judicial fruto de uma ação ajuizada pelos próprios sindicatos em 2011.

“É um contrassenso quem diz que quer continuar atendendo a população deixar de atender para pleitear qualquer reivindicação. A secretaria não vai tolerar a descontinuidade do cumprimento do contrato ainda vigente e o fechamento de serviços de saúde, com consequente desassistência à população. Salienta-se que o modelo de atendimento que substituirá o Imesf não terá a greve como rotina, nem manterá a população refém de sindicatos e interesses corporativos”, diz a nota da SMS.

Imesf trabalhadores

Entenda o caso

No dia 17 de setembro, o prefeito Marchezan apresentou um plano para terceirizar os serviços de atenção básica de saúde de Porto Alegre como resposta à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de 12 de setembro, que considerou o Imesf ilegal. Para o STF, o instituto criado em 2011 não é constitucional por se tratar de uma fundação pública de direito privado. Como consequência, a Prefeitura informou que deverá demitir todos os 1.840 funcionários do Imesf e dar baixa no CNPJ do instituto.

Os trabalhadores iniciaram então uma série de manifestações contra as demissões e para cobrar do prefeito o que eles entendem como o resultado verdadeiro da decisão do STF, que é a exigência de contratação direta de servidores para a atenção básica. Eles cobram a incorporação dos atuais trabalhadores do Imesf à administração direta, a criação de uma fundação de direitor público ou realização de concurso.

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