Dieese sugere ‘transição justa’ para exploração de carvão na região Sul

 

Pesquisadores avaliaram experiências internacionais para  garantia dos direitos dos trabalhadores,
requalificando-os para novas funções sustentáveis

 O Dieese foi buscar nas experiências de países como Alemanha, Espanha, Canadá e Chile exemplos bem sucedidos de transição energética que possam ser aplicados no Sul do Brasil. Além das preocupações ambientais, como a redução das emissões de gases de efeito estufa, os pesquisadores destacam a necessidade da implementação de políticas públicas para garantir uma “transição justa”, evitando que os trabalhadores desses setores tradicionais sejam deixados para trás. Além disso, é preciso oferecer também alternativas de desenvolvimento para regiões que vivem da exploração das chamadas “energias sujas”.

“Uma transição, para ser completa do ponto de vista ambiental, também tem que ser justa do ponto de vista trabalhista”, afirmou o economista do Dieese Nelson Karam. Em entrevista ao Jornal Brasil Atual nesta segunda-feira (31), ele afirma que essa transição é uma oportunidade para estimular a criação de “empregos verdes” no Brasil.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que, o Brasil pode perder de 850 mil postos de trabalho até 2030, por causa do aquecimento global. Por outro lado, os postos de trabalho sustentáveis correspondem a apenas 8% do mercado formal.

“No Rio Grande do Sul, por exemplo, os empregos diretos na indústria do carvão mineral giram em torno de 4 mil. Mas o impacto local de uma eventual finalização dessas atividades é muito grande. São comunidades, um conjunto grande de municípios, que historicamente têm o seu desenvolvimento voltado para o carvão. Essa dimensão cultural também é muito importante de ser observada”, destacou o economista.

Erros e acertos

Nesse sentido, Karam lembra que, nos países que caminharam no sentido da transição justa, os sindicatos exerceram forte pressão para evitar demissões na indústria do carvão. Eles pleitearam, então, programas de requalificação, para que os mesmos trabalhadores pudessem atuar na produção de energia limpa, como a eólica e a solar. Os que não conseguiram se adaptar, puderam se aposentar mais cedo. Ainda assim, trata-se de um processo em disputa, segundo o economista.

“Nem tudo são flores. Temos muitos casos, inclusive na Alemanha, em que os trabalhadores que saíram do carvão tinham remunerações maiores do que da energia renovável”. Apesar dos esforços, a proteção ao emprego e garantia de acordos coletivos também foram atingidas nesse processo de transição, destaca.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

seis + 17 =