“Nós, dirigentes sindicais, temos que conversar bastante com o pessoal do chão de fábrica”, garante o diretor do STIMMMESL, Jéferson Bortolací

Jéferson Brandão Bortolací tem 36 anos, é casado, pai de dois filhos, morador de Novo Hamburgo, tem como hobby praticar academia e está iniciando o segundo mandato como diretor do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL). Trabalhador da Delga e sócio do Sindicato desde 2015, ele iniciou sua trajetória nas comissões de negociações da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) da empresa.

“No meu ponto de vista, tem muito jovem que não conhece o que o Sindicato tem para oferecer para quem está entrando no mercado de trabalho”, acredita. Atualmente, Jéferson está afastado, se recuperando de uma cirurgia e nesta entrevista de sexta-feira (27), ele conta como se interessou pelo movimento sindical e os principais desafios no próximo período. “Nós, dirigentes sindicais, temos que conversar bastante com o pessoal do chão de fábrica”, afirma.

Confira a íntegra da entrevista:

 

Conte um pouco da sua história. Como entrou no movimento sindical?

Entrei no movimento sindical através dos meus companheiros do grupo Delga e entrei porque fui participando das reuniões de PLR. Via a comissão e perguntei para o Luciano o que precisava para participar das negociações de PLR, dos debates sobre convênios médicos, ele me disse o necessário era ter vontade de aprender e como eu trabalhava no terceiro turno, no primeiro ano fui indicado por eles e no segundo, abriram votação e fui escolhido para representar o terceiro turno e assim fui até que me convidaram para fazer parte do movimento sindical. Me explicaram certinho como funcionava e se a gente estava no movimento era para defender o trabalhador no chão de fábrica. E assim foi… Eu disse que não sabia nada, que era uma experiência nova para mim. Na época, estava com 33 anos e falaram que era importante eu ser jovem e que o que eu não soubesse era para perguntar no Sindicato, que sempre alguém me ajudaria, nunca ficaria sem respostas.

 

Você está iniciando mais um mandato como dirigente sindical, como está a expectativa?

Estamos neste ano com a campanha à presidência e temos que conversar com o pessoal no chão de fábrica para colocar o cara certo lá para a gente não sofrer mais ataques nos nossos direitos trabalhistas, porque já perdemos muita coisa no chão de fábrica. E são os trabalhadores os que estão sendo prejudicados.

 

 

Qual a importância da PLR como um programa de distribuição de renda entre os trabalhadores?

A PLR sempre conversei e todos perguntam como está a situação, se vamos conseguir de novo, pois quando a gente ganhava era um incentivo para o trabalhador. Às vezes, na empresa a pessoa tem bastante falta e com a PLR estabiliza, além disso, o pessoal se sente incentivado, pois a cada seis meses vão ganhar aquela porcentagem, que é uma renda a mais. Agora, com a reforma trabalhista tiraram o serão de 12 horas, então o pessoal que ia trabalhar no final de semana ou depois do horário não vai mais, conta com a PLR para pagar uma conta ou adquirir alguma coisa

 

E da CIPA como forma de organizar os trabalhadores?

É para nos que somos dirigentes sindicais estar mais perto dos cipeiros e tentar levar esse pessoal da CIPA para dentro do Sindicato, para verem a importância de trabalharem junto com diretor sindical. É importante para ter um apoio se estiver acontecendo alguma coisa e o cipeiro não consegue responder, quando tem esse contato com o dirigente sindical, juntos podem debater e chegar ao objetivo.

 

Qual a importância dos jovens se associarem aos sindicatos?

No meu ponto de vista, tem muito jovem que não conhece o que o Sindicato tem para oferecer para quem está entrando no mercado de trabalho. E também o pessoal tem que conhecer o trabalho que a entidade faz pelos direitos, no chão de fábrica porque o Sindicato luta pelos antigos e pelos jovens que estão iniciando.

 

Qual a tua avaliação dos ataques que a classe trabalhadora tem sofrido desde o golpe de 2016. Como as reformas trabalhistas e da previdência?

Estamos sendo muito prejudicados… A gente fez um ato em frente a previdência em São Leopoldo, pois queriam privatizar a previdência. Imagina, queriam que a gente pagasse para um banco o que hoje é descontado para a previdência e isso não tem cabimento, pois o pessoal que está entrando agora no mercado de trabalho já está prejudicado. Tu tens que ter tanto tempo de contribuição e atividade e o pessoal que ingressa agora está sendo muito atingido.

 

 

O movimento sindical, como um todo, está muito desacreditado. Como reverter isso?

Nós, dirigentes sindicais, temos que conversar bastante com o pessoal do chão de fábrica. Levar tudo para eles, o que está acontecendo, a retirada de direitos que estamos sofrendo para fazer esse pessoal acreditar no trabalho que o Sindicato faz.

 

Na tua opinião, qual o principal desafio do movimento sindical no próximo período?

O principal é a gente trocar o presidente, eleger um do lado dos trabalhadores e não do lado dos empresários. Esse presidente que está aí favorece apenas os empresários e os trabalhadores estão só perdendo direitos, salários, poder de compra…

 

E da indústria? Como gerar empregos?

Essa vou ficar devendo… Sei que o sindicato está participando da Câmara Temática da Indústria de São Leopoldo com a prefeitura, então vamos pensar juntos essa questão.

 

Como atrair mais sócios para o sindicato, principalmente os jovens?

Temos que conversar com o pessoal no chão de fábrica, lutar pelo direito dos trabalhadores para mostrar que o Sindicato está ali para defender o trabalhador e não apoiar o patrão. Acredito que muitos jovens não sabem dos benefícios que o Sindicato tem para oferecer como a nossa sede de São Leopoldo, ginásio, médico, parcerias que dão descontos para os sócios. E acho que poderíamos abrir mais o leque e apresentar para quem está ingressando agora no mercado de trabalho.

 

 

Fonte: STIMMMESL

Imagens: Israel Bento Gonçalves (STIMMMESL)

 

 

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