Moraes diz que assédio eleitoral é crime, e vai se reunir com MPT para punir patrões
O crescente número de casos envolvendo patrões que estão obrigando seus trabalhadores a votar em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição, levou o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a convocar uma reunião com o Ministério Público Eleitoral (MPE) e com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para reforçar a punição dos empresários.
No encontro, que deve acontecer nos próximos dias, as autoridades deverão definir estratégias para combater a prática de assédio eleitoral, um crime previsto na legislação brasileira.
Até a manhã desta quinta-feira, no MPT, já haviam mais de 210 casos registrados, grande parte encaminhada pela CUT Nacional que disponibilizou um canal de denúncias em seu portal, onde já recebeu mais de 90 denúncias.
Em comunicado oficial transmitido pelo canal do TSE, Moraes, afirmou que é necessário um combate mais efetivo à prática criminosa, o assédio eleitoral do empregador, coagindo, ameaçando e prometendo benefícios para que os funcionários votem ou deixem de votar nos seus candidatos.
Moraes citou relatos de autoridades policiais sobre os casos de patrões que vêm tentando reter documentos dos trabalhadores a fim de impedi-los a votar.
“É crime comum, é crime eleitoral. Isso vai ser combatido como já vem sendo combatido, principalmente pelo Ministério Público do Trabalho. Essa atuação será mais efetiva, mais rápida, porque não é possível que, em pleno século XXI, se pretenda coagir o empregado em relação ao seu voto”, declarou Moraes.
A legislação prevê pena de até quatro anos de reclusão e pagamento de multa para quem “usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido”.
O ministro ainda reforçou que a Justiça Eleitoral também tem um canal para denúncias a fim de coibir a prática.
Tática bolsonarista é atentado à democracia
Se em 2018 as fake news, compartilhadas principalmente por grupos de WhatsApp deram o tom da ofensiva bolsonarista para vencer às eleições, este ano, a prática é feita em conjunto com ações como esta, constrangendo, coagindo, em certos casos, como alguns relatados ao PortaCUT, por meio de seu canal de denúncias, humilhando trabalhadores que declararam voto em Lula.
É o caso do empresário e blogueiro Juan Davi, do Paraná, que além de demitir 12 de seus trabalhadores, foi às redes sociais ‘se gabar’ de seu feito.
Para o secretario de Administração e Finanças da CUT, Ariovaldo de Camargo, tanto as fake news como a ofensiva de patrões bolsonaristas representam uma grave ameaça à democracia brasileira.
“Quando você tira o livre direito do cidadão de escolher o voto, por coação, quando você tem a utilização do instrumento que é o emprego como ameaça para cercear o livre direito do cidadão de escolher o voto, sem dúvida é um ataque grave”, diz o dirigente.
Fonte: CUT Nacional