Investimentos de montadoras no país garantem futuro dos metalúrgicos
Os metalúrgicos e metalúrgicas vivem um momento de esperança com as últimas notícias dos investimentos das montadoras para produção de automóveis no país. Depois de anos sombrios, com várias fábricas fechadas e perda de milhares de postos de trabalho, as empresas do segmento devem trazer ao país até 2029 cerca de R$ 100 bilhões em investimentos, dados divulgados pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, ao programa Bom Dia, Ministro, veiculado pelo Canal Gov, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) na última quarta-feira (7).
Alckmin havia se reunido um dia antes com empresários ligados à Anfavea, sindicato que reúne os empresários do setor, para debater os planos futuros das montadoras no país. O encontro com o sindicato patronal completou a sequência de anúncios nos quais o vice-presidente e o presidente Lula estiveram presentes, onde empresários da General Motors (GM) e da Volkswagen divulgaram investimentos bilionários em suas fábricas.
O setor automotivo estimula uma grande cadeia produtiva industrial no país, que une desde a indústria do aço, até a de vidro, pneus e autopeças, gerando milhares de empregos. Para o secretário-geral da CNM/CUT e coordenador do segmento automotivo da entidade, Renato Carlos de Almeida, o Renatinho, os anúncios de investimentos trazem segurança aos trabalhadores de toda cadeia produtiva, que terão mais garantia de preservar seus empregos e manterem suas rendas.
“O acordo que trouxe o investimento para a Volkswagen teve participação direta dos sindicatos na negociação, tanto que estivemos na visita de Lula à planta da fábrica em São Bernardo. Então o nosso papel enquanto sindicalista foi cumprido, lutamos por direitos, por garantia de emprego e manutenção da renda. Isso dá ao trabalhador a segurança de estar por mais tempo naquele trabalho, de ter o seu salário todo mês”, afirma o dirigente.
Renatinho relembra que o movimento sindical está atento a um dos principais pontos destacados nos anúncios de investimento das montadoras, que é a produção de veículos que preservem a natureza e atenda a objetivos globais de redução de emissão de carbono como o estabelecido pelo chamado Acordo de Paris.
“Os trabalhadores estão lutando em todo o mundo por uma indústria verde e menos poluente, que tenha uma transição de modelo justa, com trabalho decente, com defesa de direitos. Nós aqui também estamos em sintonia com este debate e vamos cobrar das empresas que cumpram as metas estabelecidas nas políticas públicas também”, pontua o secretário-geral da CNM/CUT.
Ele alerta para que as políticas públicas não sirvam apenas como forma de aumentar os lucros das empresas em detrimento dos investimentos e sem preservar empregos. “Esse erro fez com que várias montadoras ganhassem benefícios fiscais e depois fecharam suas fábricas aqui, deixando milhares sem emprego. Estamos atentos para que isso não se repita e que as políticas funcionem para desenvolver a indústria de verdade, trazendo emprego, renda e impulsionando a economia do país”.
Bom momento econômico
As empresas que fabricam veículos enxergam o momento econômico do país como oportuno para aumentar os investimentos. O bom resultado da economia em 2023, o anúncio da Reforma Tributária, o retorno da taxação de carros elétricos importados, a divulgação de programas de investimento como o Mover (Mobilidade Verde e Inovação) e o NIB (Nova Indústria Brasil) favoreceram o entendimento positivo dos empresários.
Na segunda-feira (5), dirigentes da CNM/CUT ligados ao segmento automotivo participaram de um seminário virtual para debater o momento do setor. Margarete Maria Gandini, diretora do Departamento de Desenvolvimento da Indústria de Alta-Média Complexidade Tecnológica, órgão ligado à Secretaria de Desenvolvimento Industrial do Ministério da Indústria, foi a principal convidada do seminário.
Ela trouxe uma apresentação sobre o programa Mover, mostrando a evolução da iniciativa desde as primeiras políticas públicas desenhadas para o setor automotivo (Inovar Auto e Rota 2030), e o que o programa reserva para o futuro do segmento, visando uma produção de veículos que sejam menos poluentes, com mais tecnologia e segurança, abrangendo também áreas de logística e mobilidade urbana.
“O setor público, os trabalhadores e a indústria têm uma missão muito importante: nós precisamos encher as fábricas. Isso quer dizer gerar emprego e renda. Por trás do programa Mover existe essa ideia, de aumentar a produção, trazendo mais emprego aos trabalhadores e, consequentemente, maior dinamismo à economia”, diz Margarete.
O presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, acredita que é preciso melhorar o diálogo dos trabalhadores com governo e empresários para evitar distorções no tratamento aos metalúrgicos no chão de fábrica. “Algumas questões para a gente são cruciais, como, por exemplo, a desigualdade de condições entre trabalhadores de diferentes regiões, na duração da jornada de trabalho e nos salários. Não é possível a mesma montadora ter uma jornada de 40 horas semanais em um local e de 44 horas em outro local”, denuncia.
Loricardo enxerga a questão ambiental como estratégica para o país e um caminho sem volta para a indústria. “Estamos entrando em um novo formato de mobilidade, no qual os veículos terão matrizes energéticas diversificadas como a elétrica, a híbrida com etanol, com objetivo de reduzir a emissão de carbono e preservar a natureza, que virou um dos objetivos para manter o nosso planeta”.
Fonte: CNM/CUT
Foto: ADONIS GUERRA/SMABC