Indústria nacional não planeja voltar a expandir fábricas em 2018

Ainda com forte ociosidade, a maior parte da indústria não deverá retomar os investimentos em capacidade produtiva no próximo ano-mesmo com a perspectiva de uma melhora das vendas, segundo executivos e entidades.

 

"Temos disponibilidade suficiente para comportar um aumento de demanda até 2019 ou mesmo 2020", afirma Thierry Fournier, presidente do grupo Saint-Gobain no Brasil, na Argentina e no Chile.

 

O perfil dos aportes – que, em 2016 e 2017, se restringiram a modernizações e melhorias de eficiência das fábricas – deverá se manter no próximo ano.

 

"Os investimentos em atualizações nunca param, especialmente nas multinacionais que fazem lançamentos globais. Expansões, porém, não estão no radar", diz Humberto Barbato, presidente da Abinee, do setor eletroeletrônico.

 

A ociosidade da indústria no país está em 35%. Se consideradas apenas as grandes empresas, a taxa cai para 30%, segundo Renato Fonseca, da CNI (confederação da indústria). O índice era de cerca de 20% em 2011.

 

Uma expansão deverá ocorrer em alguns segmentos, como nas indústrias que fornecem ao agronegócio e no setor farmacêutico, avalia o executivo da Saint-Gobain.

 

A queda da taxa de juros deverá ser um fator determinante para o aumento dos investimentos, afirma José Velloso, presidente-executivo da Abimaq, que reúne fabricantes de equipamentos.

 

"O ritmo atual de redução dos juros, porém, não será suficiente para justificar uma expansão da produção em 2018", diz ele. O setor de máquinas registra a pior taxa de ocupação, segundo a CNI.

 

Liga o forno

A fabricante de revestimentos cerâmicos Eliane, diferentemente da maioria das indústrias, voltará a ampliar a produção em 2018, diz Edson Gaidzinski Jr., diretor-presidente do grupo.

 

A empresa colocará mais um forno em funcionamento no ano que vem.

 

"Aumentamos a produção no ano passado e, em 2017, investimos R$ 35 milhões em melhorias internas e no ambiente de trabalho", afirma o executivo.

 

"Para o ano que vem, o investimento deverá ser maior, por causa do novo forno que vamos ligar. O nível de aporte deverá girar entre R$ 35 milhões e R$ 50 milhões", diz ele.

 

As exportações representam cerca de 17% da operação da Eliane Revestimentos atualmente. A empresa planeja ampliar essa fatia nos próximos anos e alcançar 20% já em 2018.

 

"Estamos com alta de 4% na receita em relação ao ano passado. Ainda é pouco porque grande parte do nosso volume no mercado interno vai para construtoras, que reduziram o ritmo de lançamentos nos últimos anos."

 

Fonte: Folha de São Paulo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

sete − 5 =